Claro, você nunca coloca pressão nos seus filhos. Afinal, é só uma partida de futebol, certo?

Vamos ser sinceros. Todos nós queremos que nossos filhos tenham sucesso, que brilhem, que mostrem ao mundo o talento incrível que sabemos que eles têm. Mas, às vezes, nessa ânsia de vê-los alcançar todo o seu potencial, podemos inadvertidamente estar colocando uma pressão enorme sobre seus ombros. E, convenhamos, a última coisa que queremos é que o futebol, que deveria ser uma fonte de alegria e realização, se torne uma fonte de estresse.

Aqui está a grande questão: como incentivá-los a dar o seu melhor sem que isso se transforme em uma expectativa sufocante? Incentivo e pressão podem parecer semelhantes, mas têm efeitos completamente diferentes.

Incentivo é quando você destaca o esforço, a dedicação, e os progressos feitos ao longo do tempo. Pressão, por outro lado, é quando o foco está apenas no resultado final – o gol, a vitória, a vaga no time. Quando o resultado se torna mais importante do que a jornada, seu filho pode começar a sentir que seu valor está condicionado ao desempenho, e isso é uma armadilha perigosa.

Pense nisso como um termostato emocional. Quando você incentiva, você está ajustando a temperatura para que ela esteja confortável, motivadora. Quando você pressiona, o calor aumenta, e logo o ambiente pode ficar insuportável. E, como você sabe, até os termostatos têm limites.

Então, como agir quando as coisas não saem como esperado? Como pais, é natural querer proteger seus filhos de situações negativas, mas essa proteção excessiva pode, às vezes, impedi-los de crescer. Se seu filho passou por uma experiência difícil – talvez uma derrota dura, uma crítica do treinador, ou até a perda de uma vaga no time titular – o melhor apoio que você pode oferecer é estar ao lado dele, incentivando-o a encarar o feedback como uma oportunidade de crescimento.

Explique que o feedback, especialmente o que vem do profissional que lidera a equipe, é uma ferramenta poderosa para o desenvolvimento. Incentive seu filho a ouvir atentamente, a refletir sobre o que pode melhorar, e a enxergar as críticas como degraus para o sucesso. Claro, isso pode ser difícil, tanto para vocês quanto para ele. Afinal, todos queremos ver nossos filhos felizes e confiantes. Mas lembrem-se, criar um ambiente onde o erro é visto como parte do processo e não como um fracasso definitivo é fundamental para formar um atleta – e uma pessoa – resiliente.

Muitas vezes, a pressão pode se manifestar de formas sutis, que nem sempre percebemos. Talvez seu filho esteja mais quieto do que o normal, ou pareça ansioso antes dos treinos ou jogos. Talvez ele comece a evitar conversas sobre futebol, ou até invente desculpas para não jogar. Esses podem ser sinais de que a pressão – mesmo que não intencional – está começando a pesar.

Aqui, a autoconfiança é crucial. Seu filho precisa sentir que ele é mais do que apenas suas conquistas esportivas. Que ele é amado e valorizado, independentemente do resultado de um jogo. Isso não significa que ele não deva se esforçar para melhorar – claro que deve! Mas ele precisa saber que o amor e apoio de vocês não estão em jogo junto com aquela bola.

Lembre-se, o que você diz – e o que você deixa de dizer – tem um impacto enorme. Um simples “Estou orgulhoso de você, independentemente do que aconteça em campo” pode aliviar um peso que você nem sabia que ele estava carregando.

Em vez de dar sermões ou fazer cobranças após um jogo, tente dizer algo como “Eu adorei te ver jogar hoje” ou “Eu sei o quanto você se dedicou, e isso é o que mais importa para mim.” Assim, você está reafirmando que o esforço e a atitude são o que realmente contam.

Agora, imaginem por um momento: o que aconteceria se vocês trocassem a pressão por encorajamento genuíno? E se, em vez de esperar a perfeição, vocês celebrassem o progresso, por menor que ele fosse? Parece uma ideia simples, mas seus efeitos são profundos.

Vamos ser honestos, todos nós queremos ver nossos filhos vencendo. Mas, e se a vitória não fosse apenas no placar, mas também na forma como eles lidam com os desafios, aprendem com os erros e, acima de tudo, como continuam amando o jogo? Isso, meus amigos, é a verdadeira vitória.

Seu filho é um ser humano em formação, e o apoio emocional que vocês oferecem hoje será a base sobre a qual ele construirá seu futuro. Então, na próxima vez que sentirem aquela vontade de gritar “Vamos lá, você pode fazer melhor!”, parem e pensem: “Como posso ajudá-lo a ser melhor?”. A resposta pode surpreender vocês. E, muitas vezes, essa resposta envolve incentivar seu filho a encarar os desafios de frente, com coragem para ouvir e aprender, e com a confiança de que ele tem em vocês os seus maiores apoiadores.