Estiagem no Amazonas seca tanques de peixe e piscicultores buscam soluções sustentáveis
Piscicultores enfrentam grandes perdas devido à seca no Amazonas e buscam alternativas sustentáveis, como energia solar e poços artesianos, para garantir a sobrevivência da produção. Seca afeta psicultura no Amazonas
Francisco Carioca, da Rede Amazônica
A seca intensa que atinge a região nos últimos meses tem gerado grande preocupação entre os piscicultores de Rio Preto da Eva, no interior do Amazonas, especialmente em comunidades com tanques escavados. A falta de chuvas tem levado as nascentes que abastecem os tanques a secar, reduzindo drasticamente o volume de água disponível e comprometendo a produção de peixes.
Em uma das propriedades mais afetadas, o piscicultor Antônio Leandro, que possui 18 tanques, relatou que a seca já causou a morte de muitos peixes devido à escassez de água e à queda da qualidade da água nos tanques. Para tentar salvar o restante de sua produção, ele teve que transferir os peixes para outros tanques e, diante da dificuldade, investiu em alternativas sustentáveis.
"O custeio já se tornou caro, então investimos em tecnologias como poços artesianos e energia solar para reduzir custos e garantir a sobrevivência dos peixes", disse Leandro.
A situação se repete em outras propriedades. Seu José Gil Tavares, que também enfrenta a falta de água em seus dois tanques, tem se esforçado para minimizar o impacto, fazendo um manejo intensivo de água, bombeando o líquido para os tanques a cada duas horas.
"Eu já perdi praticamente todos os peixes. Quando a água falta, ela esquenta demais, e os peixes começam a sofrer. Decidi focar na criação de peixes, galinhas e porcos", comentou.
O engenheiro de pesca Marcos Fábio, do Instituto de Desenvolvimento Agropecuário e Florestal do Estado do Amazonas (IDAM), explica que a evaporação é um problema crônico para a piscicultura na região.
"A perda de água por evaporação, especialmente em períodos de verão intenso, é significativa. Isso impacta diretamente nos parâmetros ideais para a criação de peixes, o que, consequentemente, afeta a alimentação e a saúde dos animais", destacou Marcos.
Em meio a essa crise hídrica, os piscicultores também enfrentam o aumento dos custos e a queda na produção. Para tentar amenizar os efeitos da estiagem, muitos recorrem a soluções como painéis solares e poços artesianos. No entanto, a escassez de recursos e a falta de crédito rural tornam a situação ainda mais difícil.
José Maria Frad Junior, gerente do IDAM em Rio Preto, destaca a importância das linhas de crédito para os piscicultores neste momento crítico. "O crédito rural poderia fornecer os recursos necessários para investir em tecnologias que ajudariam a resolver o problema da falta de água nos tanques", afirmou.
Enquanto os piscicultores buscam alternativas e aguardam a chegada das chuvas, a situação continua desafiadora. A falta de água tem afetado diretamente a saúde dos peixes, aumentando a mortalidade e reduzindo a produção. A esperança agora é de que as chuvas cheguem a tempo para reabastecer os tanques e minimizar as perdas.
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